quarta-feira, 3 de agosto de 2011

664 - estudo para étimo consoante aboio na caatinga

por pura assepsia retiro a palavra estéril
deste dicionário idiossincrático que velo
como velam o cuspe sonoras carpideiras
como os velhos velam o tempo da espera

também seria a palavra reverencia retirada
por pura simbologia ao dicionário que velo
como velam as árvores na paisagem tardia
como os ventos imolam o casco do navio

seria de bom alvitre por fastio em retirada
pelo que se denota a acepção da palavra
numa espécie de cansaço, fadiga, afronta
numa inércia que deixa repousar o volátil

deste dicionário que velo o silencio bastaria
como flecha para atingir todos os sentidos
como manto para tingir o véu de toda face
como um acalanto para tanger o intangível

*Bate-papo comigo no blog do Gustavo

15 comentários:

Zélia Guardiano disse...

Assis, meu querido

Este é um dos mais lindos poemas que já li!
"Como os velhos velam o tempo de espera"
Sei, perfeitamente, de que fala...
Abraço preenchido de admiração.

Unknown disse...

Oscilante chama da vela, clama!

Beijo

mirze

Jorge Pimenta disse...

des-velo o silêncio para tanger possibilidades.
abraço, caro assis!

Bípede Falante disse...

Reverenciar retiradas é um ato de sabedoria. Ninguém avança andando só para frente.
beijoss

Celso Mendes disse...

esse dicionário que velas é precioso, poeta. difícil achar uma palavra estéril em seu vocabulário. (para "aboio" fui apresentado hoje...rs)

uma beleza de poema.

abraço.

Wanderley Elian Lima disse...

Sombras por todos os lados. De nada adiantam as contestações, o tempo não para.
Abraço

Vanessa Vieira disse...

Deste dicionário que velo o silêncio bastaria/ como flecha para atingir toso os sentido! Acabei de ser atingida por este silêncio, enquanto lia teu poema... Fantástico Assis!

Anônimo disse...

Das palavras que velas as que deixas expostas, todas querem um lugar nesse teu verso.

Beijo.

dade amorim disse...

Incrível como você consegue arregimentar palavras certeiras e derramar sobre a gente tanta beleza junta em quatro estrofes.
Menino bom, você.
Beijo.

Daniela Delias disse...

Eu não disse? Tu e o teu dicionário!!! Estando presentes ou retiradas, as palavras aqui sempre são mais e mais...

Bjo!

Luiza Maciel Nogueira disse...

não sei Assis, sempre fico na d´vida qual dos teus poemas é o melhor pra mim - está cada dia melhor viu?

Beijo

Cris de Souza disse...

eta, eta, eta!

tô pra vê um vocabulário mais rebuscado que o teu...

Vais disse...

:) eu volto a estudar com muito gosto

estes versos

numa inércia que deixa repousar o volátil

deste dicionário que velo o silencio bastaria
como flecha para atingir todos os sentidos
como manto para tingir o véu de toda face
como um acalanto para tanger o intangível

beijo Assis

Rejane Martins disse...

Avesso, teu dicionário risca sublinhando e inclui tirando, como no metapoema 666, que pulsa beleza num ai de cada ar da sílaba, Assis.

Ingrid disse...

ler e reler..
tuas palavras..
beijos poeta!